E também tinha certo medo de blog. Sei lá. Medo de não ter o que escrever.
Mas pensando e pesando bem, descobrir que se eu fizesse um livro sobre minha vida, teria muito que escrever.
Estou nesse ano com minha cabeça mudada a respeito.
Quero retornar a ler, escrever no blog e exercitar meu físico.
Gosto de ler no ônibus. Não consigo ler em casa. Dá-me sono.
Até meus 25 anos, comia as letras. Lia até bula de remédio. Sério.
Eram revistas (fotonovelas), bolsilivros, gibis, fanzines...
Viajava... saída do meu corpo e vivia cada personagem.
Ah! E não interessavam os gêneros: lia romance, mistério, sexo, política...
Lembro que li "O Xangô de Baker Street" em uma semana nas idas e vindas de ônibus, na média de 30 minutos cada viagem.
No momento, penso em retomar a leitura do livro, " A Magia do Reggae".
Também gosto de poesias.
Uma poeta de minha preferência é Elisa Lucinda (ela é maravilhosa), e tantos outros, que irei postando no decorrer.
De Elisa Lucinda
O poema do semelhante
O Deus da parecença
que nos costura em igualdade
que nos papel-carboniza
em sentimento
que nos pluraliza
que nos banaliza
por baixo e por dentro,
foi este Deus que deu
destino aos meus versos,
Foi Ele quem arrancou deles
a roupa de indivíduo
e deu-lhes outra de indivíduo
ainda maior, embora mais justa.
Me assusta e acalma
ser portadora de várias almas
de um só som comum eco
ser reverberante
espelho, semelhante
ser a boca
ser a dona da palavra sem dono
de tanto dono que tem.
Esse Deus sabe que alguém é apenas
o singular da palavra multidão
É mundão
todo mundo beija
todo mundo almeja
todo mundo deseja
todo mundo chora
alguns por dentro
alguns por fora
alguém sempre chega
alguém sempre demora.
O Deus que cuida do
não-desperdício dos poetas
deu-me essa festa
de similitude
bateu-me no peito do meu amigo
encostou-me a ele
em atitude de verso beijo e umbigos,
extirpou de mim o exclusivo:
a solidão da bravura
a solidão do medo
a solidão da usura
a solidão da coragem
a solidão da bobagem
a solidão da virtude
a solidão da viagem
a solidão do erro
a solidão do sexo
a solidão do zelo
a solidão do nexo.
O Deus soprador de carmas
deu de eu ser parecida
Aparecida
santa
puta
criança
deu de me fazer
diferente
pra que eu provasse
da alegria
de ser igual a toda gente
Esse Deus deu coletivo
ao meu particular
sem eu nem reclamar
Foi Ele, o Deus da par-essência
O Deus da essência par.
Não fosse a inteligência
da semelhança
seria só o meu amor
seria só a minha dor
bobinha e sem bonança
seria sozinha minha esperança
4 comentários:
Pelo menos não sou só eu que dorme ao ler livros :)
Adorei, Marietti. Um abraco de Berlim/Alemanha.
Adorei.É não sou que dorme diante do livro,pois estou aqui apanhando na minha leitura.Beijos
Linda poesia!
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